84 ANOS DE ANTONIO MUNHOZ LOPES

84 ANOS DE ANTONIO MUNHOZ LOPES
NO DIA 12-02-2012, NO RESTÔ DO PARQUE, EM BELÉM DO PARÁ, O PLANETA TERRA FICOU PEQUENO PARA SUPORTAR TANTA ALEGRIA PARA FESTEJAR OS 80 ANOS DE NOSSO QUERIDO MESTRE. UMA BELÍSSIMA HOMENAGEM DE SEUS FAMILIARES E CONVIDADOS. O MUNDO NAS MÃOS DO MUNHOZ!

quinta-feira, 17 de julho de 2014

A IGREJA DE SAINT MERRY E O SINO MAIS VELHO DE PARIS


    Em Paris, quando vai ao Centro Pompidou, o professor Munhoz nunca deixa de visitar a igreja de Saint Merry, uma das mais antigas e belas da cidade, com um acervo precioso de obras de arte, incluindo nomes importantes na sua história, a partir de Médéricus (Merry), abade de Saint Martin d’Autun, que ali permaneceu e morreu, no século VIII. Da igreja do início do século XIII, ainda existe uma janela que dá para a rua de Saint Martin, e que teve por pároco Jean Beaupére, um dos juízes de Santa Joana d’Arc. Um paroquiano famoso foi o jovem Bocace, mais conhecido como Boccaccio, nascido em 1313 e depois autor do “Decameron”, considerado o primeiro grande realista da literatura universal. Quanto à a construção da igreja atual, em estilo gótico flamboyant, só foi concluída em 1552, com a fachada oeste mais decorada e a torre noroeste ainda alojando o sino mais velho da cidade, de 1331. Os vitrais da nave datam do início do século XVI, assim como o púlpito que foi esculpido em 1753, por P. A. Slodtz. No altar do transepto da esquerda há uma tela de Simon Vouet, de 1640, que mostra Saint Merry libertando prisioneiros. A igreja, além da paroquia, acolhe o Centro Pastoral Halles-Beaubourg, havendo todos os sábados às 21hs e domingos às 16hs, um concerto gratuito, tanto de música clássica, como de contemporânea. A liturgia dominical das 11:15 reagrupa toda a comunidade na oração e na celebração da Eucaristia. Acima, o professor Munhoz na Praça Igor Stravinsky, diante da fonte criada por Niki de Saint Phalle e Jean Tingueli, aparecendo ao fundo a famosa igreja, em foto de Fátima Leitão.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Nas Ruínas da Igreja do Carmo, em Lisboa.



                No dia 10 de julho de 2009, precisamente há 5 anos, em Lisboa, o professor Munhoz lamentava ter perdido, de manhã, a ocasião de conhecer, na Fundação Calouste Gulbenkian, o escritor e jornalista libanês Amin Maalouf, autor de “As Cruzadas Vistas pelos Árabes”. Depois do meio dia, saindo do restaurante “João do Grão”, andou um pouco pelo Rossio e pela Praça da Figueira e, de novo na Praça Dom Pedro IV, dirigiu-se ao Elevador de Santa Justa, com poucos minutos estando diante das ruínas da Igreja do Carmo para comprar o ingresso de um espetáculo baseado no “Romancero Gitano”, de Garcia Lorca. Na espera, que foi longa, conheceu o professor Manuel António Gonçalves e o pintor Rouslam Botiev, com uma exposição na praça. A conversa, como não poderia deixar de ser, girou em torno de literatura e arte, o professor Munhoz lembrando algumas peças do poeta e dramaturgo espanhol que viu no Brasil, como “Bodas de sangue”, “Yerma” e “A casa de Bernarda Alba”, também recordando a visita que o dramaturgo fez à América Latina, em 1933, conhecendo a Argentina, o Uruguai e o Brasil, só por último fazendo referência à sua morte em Víznar, perto de Granada, em 19 de agosto de 1936. Também lembrou o “Pranto por Ignácio Sanchez Mejías”, com o famoso verso:”A las cinco de la tarde”. Do professor português, o professor Munhoz recebeu um presente: “Estudos de Cultura e Literatura Brasileira”, de Jorge de Sena, e do pintor, um desenho mostrando um guerreiro mongol. E, na foto acima, o professor Munhoz está com o professor Manuel António Gonçalvez e a professora Nadya, esposa de Rouslam, numa tarde de 23 de julho de 2010, no Largo do Carmo, em Lisboa, um ano depois de se conhecerem, estando a amizade de todos cada vez mais firme.

No “Museu do Homem”, em Paris



                Numa carta escrita no dia 25 de julho de 1987, em Paris, para a professora Ester Virgolino, o professor Munhoz dizia: “ Fui hoje ao Museu do Homem, na Place du Trocadéro, e tomei um banho de História. Vi máscaras da Oceania, esculturas africanas, arte pré-colombiana, enfim, um mundo de formas e cores deslumbrantes. Na seção de antropologia, que é riquíssima, deixei o homem do passado e me plantei diante dos crânios de Descartes e de Buffon me perguntando o que é a inteligência, me lembrando de Descartes e seu “Discurso do Método”, repetindo o famoso “Cogito, ergo sum”, isto é, “Penso, logo existo”. De Buffon, veio-me à mente a sua ‘História Natural” e a frase da qual não esqueci ainda: ” Le style est l`homme même”. Mas o que me intrigou foi a Vênus de L`aussel, com a Vênus de Lespugue me transportando à Pré-História, com todos os seus mistérios, e a incessante pergunta: ” Como foi mesmo que o homem surgiu na face da terra? Quando? E a magia da arte? “. Com a Vênus de Laussel foram criados os primeiros baixo-relevos, ela sendo esculpida na pedra, numa gruta do Sudoeste aqui da França. E o que significa o chifre do bisonte que tem numa das mãos? Os arqueólogos afirmam que é, provavelmente, o símbolo da fertilidade, uma vez que o homem primitivo só enxergava na mulher a deusa-mãe, com os seios enormes, o ventre dilatado, as coxas maciças e as nádegas descomunais. A Vênus de Lespugue, esculpida há 25.000 mil anos é, para a jornalista Véronique Prat, “petite merveille de grâce e de rondeurs”. Acima, o professor Munhoz em Paris, com os amigos Waldimir Santana e Euton Ramos, no restaurante “ Au Clairon des Chasseurs”, na Place du Tertre, na tarde de 15 de julho de 2001.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

A MAIOR DESCOBERTA DE SUA INFÂNCIA


    O professor Munhoz conta que uma das mais antigas recordações que ele tem de sua infância é diante da biblioteca de seu pai, vendo-o consultar grossos volumes. Ele era farmacêutico. E com sua curiosidade, descobriu que eram livros de farmacologia e farmacopeia, duas palavras que estavam longe do seu entendimento. E além desses tomos pesados, que falavam de preparação de remédios, estudando medicamentos, havia muitos outros livros como uma coleção completa de Afrânio Peixoto, romances de Pitigrilli e de Pérez Galdós e um romance que iria marca-lo para sempre: “Fabíola”, do cardeal Wiseman, pois foi através de sua leitura que descobriu os primórdios do Cristianismo, com seus mártires. “Fabíola” antecipou de muitos anos o que somente em julho de 1967 ele veria ao vivo, pela primeira vez: o Coliseu e as ruínas do Forum romano, símbolos do mais poderoso império da Antiguidade. Outra surpresa: descobriu que seu pai também gostava de poesia, encontrando edições de Martins Fontes, Vicente de Carvalho, cognominado de “O Poeta do Mar”, e até hoje tem na memória versos em que ele diz: “Mar, belo mar selvagem/ das nossas praias solitárias”. Outro poeta do qual lembra é Olavo Bilac, símbolo da perfeição formal, juntamente com Raimundo Correia e Alberto de Oliveira, a nossa Trindade Parnasiana. De Bilac, recorda ainda que seu pai tinha na estante “O Caçador de Esmeraldas”, evocando a figura de Fernão Dias Paes Leme. De época tão distante, vemos acima o professor Munhoz, com cinco anos de idade, em Belém, no dia 10 de fevereiro 1937, exatamente no dia do seu aniversário.

ANO PASSADO, EM ROMA


    Hoje, 02 de julho, está fazendo um ano da chegada do professor Munhoz à Cidade Eterna, iniciando suas férias de 2013. E descreve a alegria que sentiu ao voltar à terra dos Césares e dos Papas, onde ainda hoje vive a cabeça visível das Igreja, tendo, desta vez, ficando no hotel Giulio Cesare, na Via degli Scitioni. Mesmo cansado, tomou o metrô e foi à Basílica de São Pedro, com a cúpula de Miguel Ãngelo, onde se encontra o túmulo do Príncipe dos Apóstolos, na margem direita do Tibre, lugar de martírio dos primeiros cristãos, entre eles, o próprio São Pedro. Parando antes na Via Ottaviano, comprou um par de sapatos e depois, em outra loja, uns lenços mostrando monumentos da velha urbe. Quando já estava na praça construída por Bernini, com o obelisco egípcio do Circo de Nero, sentiu falta da sua máquina fotográfica. Voltando à loja, teve a sorte de encontrá-la, mas na volta à praça, as portas da basílica já estavam fechadas, com a praça literalmente cheia, o que levou a dizer: “Parece que o mundo vai acabar, e todos estão em Roma à espera da salvação”. Com Fátima e Sebastião Leitão, seus amigos, anda pela Via della Conciliazione, entrando na Igreja de Nossa Senhora do Carmo, onde encontrou um folheto fazendo considerações a respeito do Ano da Fé (2012-2013), criado por Bento XVI. De táxi, voltam todos para o hotel. E no seu apartamento, o 112, o professor descobre no teto, pintado, centenas de andorinhas. Tenta contá-las, mas não é possível por causa do sono. O jantar foi no jardim do próprio hotel, com iluminação indireta, num cenário de sonho. No outro dia após o café, volta à Basílica de São Pedro, demorando-se nas Grutas Vaticanas, com os túmulos de muitos papas, incluindo o que se vê na foto acima, de Bonifácio VIII (1294-1303), com sarcófago de Arnolfo di Cambio.

O CATÓLICO JOHN FITZGERAND KENNEDY



    Na véspera de Corpus Christi, dia 18 de junho passado, a conversa de um pequeno grupo era sobre religião, e o professor Munhoz lembrou que tal festa foi instituída pelo papa Urbano IV, em 1264, sendo Santo Tomás de Aquino, o “Doctor Angelicus”, encarregado de compor o ofício litúrgico. Havendo depois mudança de assunto, o professor Munhoz confessou que estava lendo uma biografia de Napoleão Bonaparte, que morreu com 52 anos incompletos, na ilha de Santa Helena, tendo escrito no seu testamento: “Morro na religião católica, apostólica, romana, na qual nasci há mais de 50 anos”. E de Napoleão o assunto passou para John Kennedy, o primeiro presidente católico dos Estados Unidos, um país de maioria protestante e, desta vez, o professor Munhoz ainda aproveitou para citar tópicos do discurso de posse do grande presidente americano, desde o início, quando confessa: “Acabo de prestar perante vós e perante Deus Todo-Poderoso o mesmo juramento” e “a crença de que os direitos do homem não proveem da generosidade do Estado, mas da mão de Deus”. Cita o profeta Isaias (“Aliviar os pesados fardos e libertar os oprimido”) e os trechos mais famosos que até hoje ninguém esqueceu: “Não pergunteis o que nosso país fará por nós; perguntai o que vós podeis fazer por nosso país” e reforça: “Não pergunteis o que os Estados Unidos farão por nós, mas o que juntos poderemos fazer pela liberdade do homem”. E lembrando a morte trágica de Kennedy em Dalas, no dia 22 de novembro de 1963, vemos acima o professor Munhoz no Cemitério de Arlington, diante do túmulo do Presidente que o mundo jamais esquecerá.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

NO VILAREJO DE EIN KEREM, ONDE NASCEU SÃO JOÃO BATISTA


O santo que comemoramos ontem, 24 de junho, é figura importante na história do Cristianismo. Flávio Josefo nas suas "Antiguidades Judaicas" fala na sua vida, inclusive afirmando que muitos "recorriam a ele e se entusiasmavam ao escutá-lo". Mas os evangelistas são mais explícitos, mencionando o lugar onde se desenrolou sua vida pública de conduta austera no vestir e no comer, além de sua função de precursor ao descobrir em Jesus de Nazaré o verdadeiro Messias. Filho de Zacarias e de Santa Isabel, era parente de Jesus, a quem apontou como "Aquele que tira o pecado do mundo" e de si deu testemunho, declarando:"Eu sou a voz do que clama no deserto". A Igreja o celebra desde os seus primórdios, sendo o santo cujo nascimento e martírio são evocados em duas solenidades. O professor Munhoz conta que o mais animado São João do qual participou, foi na cidade do Porto, em 1989, acompanhando, pela madrugada, as "marchas e o povo, com jarros de manjericos, alho-porro, trevos, cidreiras e os infames martelinhos de plástico. Mas não  esquece sua visita a Ein Kerem, a sete quilômetros a oeste do centro de Jerusalém, onde São João viveu e foi batizado, com a igreja do século XVII construída sobre ruínas do período bizantino e estruturas da época das Cruzadas. Acima, uma foto do professor Munhoz em Ein Kerem, onde está a gruta da natividade de São João Batista, o Santo que depois morreria condenado por Herodes Antipas a pedido de Herodíades, como presente de aniversário, num prato.

O MUSEU LASAR SEGALL, EM SÃO PAULO


                                     Depois da morte de Lasar Segall, em 02 de agosto de 1957, com 66 anos, a família do artista iniciou o trabalho de reunir e divulgar a sua obra, na mesma casa onde viveu, na rua Berta, 111, Vila Mariana, em São Paulo, por sinal agora em reforma. E para quem não sabe, Segall nasceu em 1891, em Vilna, na Lituânia, sendo o 6º filho de uma prole de 08. Com 15 anos, foi para Alemanha, onde continuou seus estudos de arte. Em 1912, com apenas 21 anos, veio ao Brasil, fazendo duas exposições com êxito, no ano seguinte. Em 1914, começou a Primeira Guerra Mundial, desaparecendo o lugar da beleza. Em 1923, com 32 anos, mudou-se para nossa terra, casando com dona Jenny Klabin e, em 1927, naturalizou-se brasileiro e se identificou tanto conosco a ponto de pintar um autorretrato como mulato. Fez viagens pelo interior de São Paulo registrando nossas riquezas naturais. E suas obras passam a mostrar novas cores, cheias de luz, incluindo paisagens de Campos do Jordão, refletindo paz e tranquilidade. Mesmo distante, Segall sofria com os horrores da Segunda Guerra. Além da pintura, Segall também esculpiu, fez gravuras e cenários para teatro e decorações de bailes famosos. Em 1964 teve sala especial na Bienal de Arte de São Paulo. E acima o professor Munhoz, no Museu Lasar Segall, em São Paulo, entre duas grandes telas do mestre lituano, na tarde de 10 de agosto de 2001, em foto de Tito Dominguez Nuñez.  

CONSIDERAÇÕES DIVERSAS A RESPEITO DE UM CONHECIDO MESTRE



      De uma pasta, com centenas de recortes, e apenas uma carta, vamos mostrar somente sete exemplos, começando pela carta: 1)"Munhoz, continua assim: luminoso como Portugal, clássico que nem a Grécia, inteligente e culto feito Paris, buliçoso como Amsterdã, enigmático igual o Oriente,  eterno como Roma, solo sagrado como a Palestina, romântico à Veneza e, para não ir mais longe que meu fôlego é curto, mil contrastes à imitação deste nosso Brasil". - Cláudio Barradas, Belém do Pará, 08 de fevereiro de 1977; 2)"Antônio Munhoz, esse monumento de cultura que é hoje um dos patrimônios desta terra". - Alcy Araújo, "O Estado do Amapá", 06-06-1981; 3) "Os seus cabelos brancos, que para alguns representam respingos de serenata, para o professor Munhoz são as marcas de uma lida dedicada ao ensino de gerações de amapaenses". - Carlos Cordeiro Gomes, "Diário do Amapá", 06 de fevereiro de 1997; 4) "O professor Antônio Munhoz Lopes, eu o reputo honra e glória para a nossa terra". - Carlos Bezerra, "Diário do Amapá", 11 de fevereiro de 1996; 5)"O Amapá, com certeza, seria bem melhor do que é, se tivesse mais mestres do calibre do Munhoz". - Editorial de "A Gazeta", 11 de fevereiro de 2005; 6)"Antônio Munhoz, "globe-trotter" inveterado, é uma das expressões de cultura que conhecemos". - Edwaldo Martins - "A Província do Pará, 10 de fevereiro de 1991; 7) E ainda Edwaldo Martins, o grande jornalista de Belém, no dia 18 de janeiro de 1989 já declarava:"O amigo Antônio Munhoz é uma das expressões de cultura que Macapá tomou de Belém". E acima o retrato do mestre de tantas gerações em Macapá, em foto tirada em Lisboa, na manhã de 12 de julho de 2011, com certeza sentindo-se bem lusitano.  

quarta-feira, 18 de junho de 2014

ALGUMAS LEMBRANÇAS DE LISBOA


    Para o professor Munhoz, cuja paixão pelos livros é a mais conhecida (“O que seria da minha vida sem os livros?”), veem depois as viagens pelo mundo, tendo perdido a conta das vezes em que já esteve em Portugal, Espanha, França, Suíça, Alemanha, Itália, Grécia, Dinamarca, Rússia, Holanda, Bélgica, Inglaterra, não esquecendo Israel, Egito, Turquia, índia, Nepal, Malta e Irlanda, assim como os Estados Unidos, com Nova York, Los Angeles e São Francisco. De Lisboa, que afirma ser a porta de entrada do Velho Mundo, lembra-a não só como uma grande metrópole, mas sobretudo a urbe milenária, com seus restos de um passado medieval que o encanta. Num velho caderno de anotações, sem data, recorda fatos importantes, quando diz: “Fui à igreja de Santo Antônio, com a cripta onde ele nasceu. No Museu Antoniano contemplo um painel de azulejos do século XVII, com o taumaturgo pregando aos peixes. No claustro da Sé, o edifício mais antigo da cidade, vejo resquícios de ruínas romanas. Volto ao passado, no Castelo de São Jorge, e não deixo de entrar no Museu de Artes Decorativas, no Palácio Azurara, do século XVII, no Largo das Portas do Sol. Vou à Feira da Ladra, com suas quinquilharias. E olho a cúpula da igreja de Santa Engrácia dominando a parte oriental da cidade. A Casa dos Bicos está fechada. No Palácio Foz visito minha amiga Anete Ferreira. Magnífico o Mosteiro dos Jerônimos, do século XVI. Encanto-me com o Museu dos Coches. Sento num banco da Praça do Império, indo depois ao Museu de Arqueologia. A Torre de Belém fica no meio do Tejo, não esquecendo de rezar diante da imagem de Nossa do Bom Retorno. E por último, vejo as exposições do moderno conjunto do Centro Cultural de Belém”. E acima o professor Munhoz, em julho de 1967, quando esteve pela primeira vez na cidade da qual já se disse: “Quem não viu Lisboa| não viu coisa boa”.

RECORDAÇÕES DE MARSEILLE, EM 1989 (II)




    Dando continuidade, voltamos ao velho caderno do professor Munhoz, transcrevendo ainda algumas de suas lembranças da cidade onde nasceu o hino nacional da França: 12) “Adorei o Museu de Belas-Artes de Marseille, no Palácio Longchamp, com uma coleção fantástica de pequenas estátuas de Daumier; 13) Ouvi na Vila Bagatelle magnífico recital de Claude Kahn, ele interpretando 24 Prelúdios de Chopin, além de peças de Bach, Mozart e Liszt; 14) A caminho de Frioul, estive no Castelo d’If, imortalizado por Alexandre Dumas no “Máscara de Ferro” e no “Conde de Monte-Cristo”; 15) Almocei em Orange, “ritual de três horas”, na casa de uma família amiga, depois admirando o Arco do Triunfo, construído em 49 a.C., e o Teatro Antigo, muito bem conservado; 16) O Musée d’Histoire de Marseille possui peças do tempo dos lígures, mostrando maravilhas da Marselha grega dos séculos III e II a.C.; 17) No Jardin des Vestiges, um museu ao ar livre, me sentia na Marseille dos primórdios; 18) Numa livraria do Centre Bourse, me invoquei com o  título de um  livro de Bukowski: “L’amour est um chien de l’enfer”; 19) Na Vieille Charité vi muitas exposições, uma delas me chamando a atenção: “La mémoire d’Odessa”, revendo cenas do “Encouraçado Potenkin”, de Einstein; 20) Uma exposição de John Coplans, “Autorretratos”, na Vieille Charité, me deixou deprimido: o artista não passando de uma ruína humana; 21) E como não sou de ferro, no Vieux-Port, nunca dispensei a “bouillabaisse, o prato por excelência da região”. Na foto acima, o professor Munhoz com sua amiga Rute, natural de Macapá diante do Palais LoungChamp, em Marseille, há 25 anos atrás.

SÃO JOSÉ DE ANCHIETA, NOSSO PRIMEIRO COMPOSITOR.



    José de Anchieta, há pouco canonizado, não foi apenas o nosso primeiro professor, o nosso primeiro gramático, o nosso primeiro poeta e dramaturgo, mas também o nosso primeiro compositor, não esquecendo que a música esteve historicamente presente na formação da sociedade brasileira, os jesuítas transformando a arte musical em um dos instrumentos da colonização, atraindo os índios pedagogicamente com o canto, e tornando-se logicamente nos primeiros professores de música do Brasil, sendo Anchieta o nosso primeiro compositor. O padre Quirício Caxa recolheu em 1598, após a morte de Anchieta, tudo que ele havia deixado, incluindo escritos de “Cantigas” devotas em tupi, que ele compôs para que os jovens cantassem. Ao referir-se à atividade de Anchieta em São Vicente, no período que se estende de 1553 a 1565, Simão de Vasconcelos, seu biógrafo, após salientar que o venerável padre “em quatro línguas era destro _ na portuguesa, castelhana, latina e brasílica”, acrescentava que “em todas elas traduziu em romances pios, com muita graça e delicadeza, as cantigas profanas que andavam em uso”. E para o lançamento dessas composições, sob o título de “Canções de Anchieta”, existem na Biblioteca da Companhia de Jesus, em Roma, cópias com os títulos de “A Nossa Senhora dos Prazeres”, “Santa Inês” e “Vaidades das Coisas deste Mundo”, além de uma série intitulada “Cânticos Por o Sem Ventura”, em original do próprio punho do sacerdote. Mas não esquecendo que historicamente o primeiro lançamento de composições musicais com letras do padre Anchieta foi o “Auto da Pregação Universal”, a primeira peça de teatro encenada no Brasil, por volta de 1565. E acima, um quadro de Santo Anchieta, de Oscar Pereira da Silva, também desenhista, decorador e professor brasileiro do século XIX para o XX.

terça-feira, 10 de junho de 2014

SANTO ANTÔNIO, DOUTOR DA IGREJA


                    Dona Vina Marques, viúva do poeta português Manuel Correia Marques, vendo há muitos anos uma foto de um recanto da sala de visitas da casa do professor Munhoz, aqui em Macapá, com o "Santo Antônio" pintado em 1983, pelo padre Fulvio Giuliano, perguntou-lhe por carta: "O quadro é mesmo de Santo Antônio? Onde está o Menino?". Sem dúvida, a tela representa o taumaturgo nascido em Lisboa, e que morreu em Arcella, perto de Pádua, na Itália, no dia 13 de junho de 1231, depois de receber a extrema-unção, tendo apenas 41 anos. E o artista representa o santo com um livro e uma pena, lembrando o intelectual que ele foi e proclamado doutor da Igreja por Pio XII, em 16 de janeiro de 1946, devido à volumosa e sábia coleção de seus "Sermões", além de outros escritos que deixou para  a posteridade. Antes de Pio XII, Gregório IX, que foi papa de 1227 a 1241, canonizou-o em 1232, denominando-o de "Arca dos Dois Testamentos", "Escrínio das Sagradas Escrituras" e "Martelo dos Hereges", entoando a antífona "O Doctor Optime!" Santo Antônio, dizem documento da época, não só possuía extraordinária cultura, como era dono de impressionante eloquência tendo sido professor na Universidade de Bolonha, a mais antiga do mundo, também ensinando nas universidades de Montpellier, Toulouse e Arles. Santo Antônio é um santo universal. E esteve certo Leão XIII, quando interrogado sobre qual das denominações deveria prevalecer: se "Santo Antônio de Pádua" ou "Santo Antônio de Lisboa". O papa limitou-se a responder: "Santo Antônio é o santo de todo o mundo". Acima, o "Santo Antônio, Doutor da Igreja", obra do padre Fulvio Giuliano, presente dos alunos do Seminário São Pio X, em 09 de dezembro de 1983, onde o mestre Munhoz foi professor de Latim e Literatura.   

ENTRE ESCULTURAS DE STOCKINGER


                             Na manhã de 13 de janeiro de 2008, no jardim do Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro, o professor Munhoz visitou um grande exposição de Francisco Stockingr, escultor austro-brasileiro que, um ano depois em 12 de abril, em Porto Alegre, morria a poucos meses de completar 90 anos. Nascido em Traun, no dia 07 de agosto de 1919, na Austria, aos 03 anos e pouco emigrou com a família para o Brasil, em fevereiro de 1923, indo morar no município de Santo Anastácio, na fronteira de São Paulo com Mato Grosso. Depois viveu em São Paulo, transferindo-se em 1937 para o Rio de Janeiro. Foi por indicação do pintor Clóvis Graciano, que Stockinger iniciou seus estudos de escultura com Bruno Giorgi, no antigo Hospício da Praia Vermelha, na Cidade Maravilhosa. Benéfica foi sua convivência com Oswaldo Goeldi, Marcelo Grassmann e Maria Leontina. Em 1554, Stockinger transferiu-se para Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, onde trabalhou num jornal como paginador, caricaturista, ilustrador e cronista de humor. Em 31 de dezembro de 1958 naturalizou-se brasileiro, passando a viver só em função da arte, sendo em 1967 nomeado diretor do Museu de Arte do Rio Grande do Sul, depois acumulando a direção da Divisão de Artes do Departamento de Cultura da Secretaria de Educação e Cultura do Estado. Em 1994 recebeu o título de cidadão honorário de Porto Alegre e, em 1997, o prêmio do Ministério da Cultura, na área das artes plásticas. Realizou mais de 30 exposições individuais, além de ter participado de dezenas de mostras coletivas. Na foto acima, o professor Munhoz está entre duas esculturas da série "Gabirus", do artista, no Rio de Janeiro, em 2008.        

ANCHIETA, O "APOSTOLO DO BRASIL", AGORA É SANTO


                             O beato José de Anchieta, um dos fundadores da cidade de São Paulo e figura-chave na construção do catolicismo na nossa terra, foi canonizado no dia 03 de abril, depois de 417 anos, num dos processos mais demorados da história da Igreja. Cognominado de "Apóstolo do Brasil", nasceu em La Laguna de Tenerife, nas Ilhas Canárias, Espanha, em 1534. Ingressou na Companhia de Jesus em 1551, com 17 anos, chegando ao Brasil com 19, na comitiva de D. Duarte da Costa, segundo Governador-Geral, em 1553. Como poeta foi o primeiro do nosso Quinhentismo, tendo publicado em 1595, em Coimbra, a sua "Arte de Gramática da Língua mais Usada na Costa do Brasil". Sua obra é ampla e multiforme, compreendendo poesias, peças teatrais, sermões, estudos linguísticos e fragmentos históricos, Sílvio Romero encontrando em suas cartas o que de artisticamente mais válido possui a sua obra. O "Auto da Pregação Universal", de sua autoria, escrito em português e tupi, é a primeira peça do teatro nacional, e foi apresentada ao ar livre, em Piratininga. Das inúmeras poesias, são dignas de menção "Ao Santíssimo Sacramento", com 46 quadras, e "A Santa Inês", reunindo sobriedade de expressão e lirismo. "De Beata Virgine Dei Matre Maria", escrito em Iperoig, nas areias da praia, em latim, conta com 5.786 versos. Anchieta morreu em Reritiba, no Espírito Santo, no dia 09 de junho de 1597, aos 63 anos, tendo vivido 47 anos na Companhia de Jesus: 03 em Portugal e 44 no Brasil. Acima, Anchieta, refém dos tamoios, escreve seu "Poema à Virgem", num quadro de Benedito Calixto, um dos grandes pintores do Brasil, do inicio do século XX.             


segunda-feira, 26 de maio de 2014

RECORDAÇÕES DE MARSEILLE, EM 1989 (I)



    De um velho caderno do professor Munhoz, transcrevemos: 1) “No aeroporto de Marignane, Rute e Jacques Marquion estavam à minha espera; 2) A maior surpresa: o pato no tucupi no jantar, com jambu e farinha, tudo preparado por Rute que é amapaense; 3) Assisti missa na igreja de Saint-Ferréol, no Vieux-Port, onde no século XII existia um convento de Templários; 4) Inesquecível: minha visita à Basílica de Saint-Victor, sentindo nas criptas do V século o Cristianismo dos primórdios; 5) Na Igreja de Notre-Dame de La Garde, no alto da colina, contemplei a cidade que tem mais de 2.600 anos; 6) Marseille, segundo a tradição, foi evangelizada por Santa Maria Madalena, justificando o cartaz na entrada da Catedral, que perguntava: “Terá sido Marseille evangelizada por uma mulher?”; 7) Estive em Aubagne, vendo “Le Petit Monde de Marcel Pagnol”; 8) No Museu Cantini, vi uma exposição de Edward Hopper, uma das maiores figuras da pintura americana do século XX; 9) Numa livraria da Canebière, encontrei “Liens de famille”, da nossa Clarice Lispector, livro de contos de 1960; 10) Ainda sobre a autora de “Perto do coração selvagem”, encontro “L’heure de Clarice Lispector”,  de Hélène Cixous; 11) A caminho de Toulon, visitei La Ciotat, cognominada de “Berceau du Cinéma” pois foi ali que Louis Lumière realizou seus primeiros filmes: “L’arroseur arrosé” e “L’arrivée d’um train en gare”. E, na foto acima, o professor Munhoz está em Marseille, na tarde de 02 de julho de 1989, ao lado de um vendedor ambulante, com um chapéu enfeitado de flores, lembrando-lhe a música de Alípio Martins e Marcelle “Lá vai ele”, que tocava muito num programa de seu aluno e amigo Hermínio Gurgel.

NA PEQUENA IGREJA DO CARPINTEIRO


Na Terra Santa, o professor Munhoz nunca deixou de visitar a Igreja da Natividade, em Belém, e por último o Santo Sepulcro, no fim da Via Dolorosa, em Jerusalém. Mas outro local de sua predileção, em Nazaré, é a Basílica da Anunciação e, ao lado a pequena e acolhedora Igreja de São José, reconstruída e 1914 e que a tradição aponta como local da casa e da oficina de um humilde descendente do rei Davi, e que o Novo Testamento afirma ter sido o esposo castíssimo de Maria e o pai adotivo de Jesus Cristo. Sua festa litúrgica é celebrada em 19 de março e em 1º de maio é lembrado como “Padroeiro dos Trabalhadores”. Os Evangelhos falam pouco de São José, mas dizem o essencial, como São Mateus, na genealogia de Jesus, quando afirma: “Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus chamado Cristo”, e assim como Jesus foi miraculosamente gerado, pois segundo São Lucas, ao ser anunciado a Maria que seria a mãe do Cristo, ela argumentou: “Como é que vai ser isso, se eu não conheço homem algum?”. Na fuga para o Egito, tanto quanto para o retorno, um anjo se manifestou em sonho a José, ele o pai legal do Menino. Segundo Gonzalo Aranda, do Departamento das Sagradas Escrituras da Faculdade de Teologia da Universidade de Navarra, “o mais lógico é pensar em São José como um homem jovem quando desposou Maria e que só foi casado com ela”. Acima, o professor Munhoz em Nazaré, na baixa Galileia, na manhã de 23 de outubro de 2010, em foto de Tito Dominguez Nuñez.