84 ANOS DE ANTONIO MUNHOZ LOPES

84 ANOS DE ANTONIO MUNHOZ LOPES
NO DIA 12-02-2012, NO RESTÔ DO PARQUE, EM BELÉM DO PARÁ, O PLANETA TERRA FICOU PEQUENO PARA SUPORTAR TANTA ALEGRIA PARA FESTEJAR OS 80 ANOS DE NOSSO QUERIDO MESTRE. UMA BELÍSSIMA HOMENAGEM DE SEUS FAMILIARES E CONVIDADOS. O MUNDO NAS MÃOS DO MUNHOZ!

quarta-feira, 18 de junho de 2014

RECORDAÇÕES DE MARSEILLE, EM 1989 (II)




    Dando continuidade, voltamos ao velho caderno do professor Munhoz, transcrevendo ainda algumas de suas lembranças da cidade onde nasceu o hino nacional da França: 12) “Adorei o Museu de Belas-Artes de Marseille, no Palácio Longchamp, com uma coleção fantástica de pequenas estátuas de Daumier; 13) Ouvi na Vila Bagatelle magnífico recital de Claude Kahn, ele interpretando 24 Prelúdios de Chopin, além de peças de Bach, Mozart e Liszt; 14) A caminho de Frioul, estive no Castelo d’If, imortalizado por Alexandre Dumas no “Máscara de Ferro” e no “Conde de Monte-Cristo”; 15) Almocei em Orange, “ritual de três horas”, na casa de uma família amiga, depois admirando o Arco do Triunfo, construído em 49 a.C., e o Teatro Antigo, muito bem conservado; 16) O Musée d’Histoire de Marseille possui peças do tempo dos lígures, mostrando maravilhas da Marselha grega dos séculos III e II a.C.; 17) No Jardin des Vestiges, um museu ao ar livre, me sentia na Marseille dos primórdios; 18) Numa livraria do Centre Bourse, me invoquei com o  título de um  livro de Bukowski: “L’amour est um chien de l’enfer”; 19) Na Vieille Charité vi muitas exposições, uma delas me chamando a atenção: “La mémoire d’Odessa”, revendo cenas do “Encouraçado Potenkin”, de Einstein; 20) Uma exposição de John Coplans, “Autorretratos”, na Vieille Charité, me deixou deprimido: o artista não passando de uma ruína humana; 21) E como não sou de ferro, no Vieux-Port, nunca dispensei a “bouillabaisse, o prato por excelência da região”. Na foto acima, o professor Munhoz com sua amiga Rute, natural de Macapá diante do Palais LoungChamp, em Marseille, há 25 anos atrás.

SÃO JOSÉ DE ANCHIETA, NOSSO PRIMEIRO COMPOSITOR.



    José de Anchieta, há pouco canonizado, não foi apenas o nosso primeiro professor, o nosso primeiro gramático, o nosso primeiro poeta e dramaturgo, mas também o nosso primeiro compositor, não esquecendo que a música esteve historicamente presente na formação da sociedade brasileira, os jesuítas transformando a arte musical em um dos instrumentos da colonização, atraindo os índios pedagogicamente com o canto, e tornando-se logicamente nos primeiros professores de música do Brasil, sendo Anchieta o nosso primeiro compositor. O padre Quirício Caxa recolheu em 1598, após a morte de Anchieta, tudo que ele havia deixado, incluindo escritos de “Cantigas” devotas em tupi, que ele compôs para que os jovens cantassem. Ao referir-se à atividade de Anchieta em São Vicente, no período que se estende de 1553 a 1565, Simão de Vasconcelos, seu biógrafo, após salientar que o venerável padre “em quatro línguas era destro _ na portuguesa, castelhana, latina e brasílica”, acrescentava que “em todas elas traduziu em romances pios, com muita graça e delicadeza, as cantigas profanas que andavam em uso”. E para o lançamento dessas composições, sob o título de “Canções de Anchieta”, existem na Biblioteca da Companhia de Jesus, em Roma, cópias com os títulos de “A Nossa Senhora dos Prazeres”, “Santa Inês” e “Vaidades das Coisas deste Mundo”, além de uma série intitulada “Cânticos Por o Sem Ventura”, em original do próprio punho do sacerdote. Mas não esquecendo que historicamente o primeiro lançamento de composições musicais com letras do padre Anchieta foi o “Auto da Pregação Universal”, a primeira peça de teatro encenada no Brasil, por volta de 1565. E acima, um quadro de Santo Anchieta, de Oscar Pereira da Silva, também desenhista, decorador e professor brasileiro do século XIX para o XX.

terça-feira, 10 de junho de 2014

SANTO ANTÔNIO, DOUTOR DA IGREJA


                    Dona Vina Marques, viúva do poeta português Manuel Correia Marques, vendo há muitos anos uma foto de um recanto da sala de visitas da casa do professor Munhoz, aqui em Macapá, com o "Santo Antônio" pintado em 1983, pelo padre Fulvio Giuliano, perguntou-lhe por carta: "O quadro é mesmo de Santo Antônio? Onde está o Menino?". Sem dúvida, a tela representa o taumaturgo nascido em Lisboa, e que morreu em Arcella, perto de Pádua, na Itália, no dia 13 de junho de 1231, depois de receber a extrema-unção, tendo apenas 41 anos. E o artista representa o santo com um livro e uma pena, lembrando o intelectual que ele foi e proclamado doutor da Igreja por Pio XII, em 16 de janeiro de 1946, devido à volumosa e sábia coleção de seus "Sermões", além de outros escritos que deixou para  a posteridade. Antes de Pio XII, Gregório IX, que foi papa de 1227 a 1241, canonizou-o em 1232, denominando-o de "Arca dos Dois Testamentos", "Escrínio das Sagradas Escrituras" e "Martelo dos Hereges", entoando a antífona "O Doctor Optime!" Santo Antônio, dizem documento da época, não só possuía extraordinária cultura, como era dono de impressionante eloquência tendo sido professor na Universidade de Bolonha, a mais antiga do mundo, também ensinando nas universidades de Montpellier, Toulouse e Arles. Santo Antônio é um santo universal. E esteve certo Leão XIII, quando interrogado sobre qual das denominações deveria prevalecer: se "Santo Antônio de Pádua" ou "Santo Antônio de Lisboa". O papa limitou-se a responder: "Santo Antônio é o santo de todo o mundo". Acima, o "Santo Antônio, Doutor da Igreja", obra do padre Fulvio Giuliano, presente dos alunos do Seminário São Pio X, em 09 de dezembro de 1983, onde o mestre Munhoz foi professor de Latim e Literatura.   

ENTRE ESCULTURAS DE STOCKINGER


                             Na manhã de 13 de janeiro de 2008, no jardim do Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro, o professor Munhoz visitou um grande exposição de Francisco Stockingr, escultor austro-brasileiro que, um ano depois em 12 de abril, em Porto Alegre, morria a poucos meses de completar 90 anos. Nascido em Traun, no dia 07 de agosto de 1919, na Austria, aos 03 anos e pouco emigrou com a família para o Brasil, em fevereiro de 1923, indo morar no município de Santo Anastácio, na fronteira de São Paulo com Mato Grosso. Depois viveu em São Paulo, transferindo-se em 1937 para o Rio de Janeiro. Foi por indicação do pintor Clóvis Graciano, que Stockinger iniciou seus estudos de escultura com Bruno Giorgi, no antigo Hospício da Praia Vermelha, na Cidade Maravilhosa. Benéfica foi sua convivência com Oswaldo Goeldi, Marcelo Grassmann e Maria Leontina. Em 1554, Stockinger transferiu-se para Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, onde trabalhou num jornal como paginador, caricaturista, ilustrador e cronista de humor. Em 31 de dezembro de 1958 naturalizou-se brasileiro, passando a viver só em função da arte, sendo em 1967 nomeado diretor do Museu de Arte do Rio Grande do Sul, depois acumulando a direção da Divisão de Artes do Departamento de Cultura da Secretaria de Educação e Cultura do Estado. Em 1994 recebeu o título de cidadão honorário de Porto Alegre e, em 1997, o prêmio do Ministério da Cultura, na área das artes plásticas. Realizou mais de 30 exposições individuais, além de ter participado de dezenas de mostras coletivas. Na foto acima, o professor Munhoz está entre duas esculturas da série "Gabirus", do artista, no Rio de Janeiro, em 2008.        

ANCHIETA, O "APOSTOLO DO BRASIL", AGORA É SANTO


                             O beato José de Anchieta, um dos fundadores da cidade de São Paulo e figura-chave na construção do catolicismo na nossa terra, foi canonizado no dia 03 de abril, depois de 417 anos, num dos processos mais demorados da história da Igreja. Cognominado de "Apóstolo do Brasil", nasceu em La Laguna de Tenerife, nas Ilhas Canárias, Espanha, em 1534. Ingressou na Companhia de Jesus em 1551, com 17 anos, chegando ao Brasil com 19, na comitiva de D. Duarte da Costa, segundo Governador-Geral, em 1553. Como poeta foi o primeiro do nosso Quinhentismo, tendo publicado em 1595, em Coimbra, a sua "Arte de Gramática da Língua mais Usada na Costa do Brasil". Sua obra é ampla e multiforme, compreendendo poesias, peças teatrais, sermões, estudos linguísticos e fragmentos históricos, Sílvio Romero encontrando em suas cartas o que de artisticamente mais válido possui a sua obra. O "Auto da Pregação Universal", de sua autoria, escrito em português e tupi, é a primeira peça do teatro nacional, e foi apresentada ao ar livre, em Piratininga. Das inúmeras poesias, são dignas de menção "Ao Santíssimo Sacramento", com 46 quadras, e "A Santa Inês", reunindo sobriedade de expressão e lirismo. "De Beata Virgine Dei Matre Maria", escrito em Iperoig, nas areias da praia, em latim, conta com 5.786 versos. Anchieta morreu em Reritiba, no Espírito Santo, no dia 09 de junho de 1597, aos 63 anos, tendo vivido 47 anos na Companhia de Jesus: 03 em Portugal e 44 no Brasil. Acima, Anchieta, refém dos tamoios, escreve seu "Poema à Virgem", num quadro de Benedito Calixto, um dos grandes pintores do Brasil, do inicio do século XX.             


segunda-feira, 26 de maio de 2014

RECORDAÇÕES DE MARSEILLE, EM 1989 (I)



    De um velho caderno do professor Munhoz, transcrevemos: 1) “No aeroporto de Marignane, Rute e Jacques Marquion estavam à minha espera; 2) A maior surpresa: o pato no tucupi no jantar, com jambu e farinha, tudo preparado por Rute que é amapaense; 3) Assisti missa na igreja de Saint-Ferréol, no Vieux-Port, onde no século XII existia um convento de Templários; 4) Inesquecível: minha visita à Basílica de Saint-Victor, sentindo nas criptas do V século o Cristianismo dos primórdios; 5) Na Igreja de Notre-Dame de La Garde, no alto da colina, contemplei a cidade que tem mais de 2.600 anos; 6) Marseille, segundo a tradição, foi evangelizada por Santa Maria Madalena, justificando o cartaz na entrada da Catedral, que perguntava: “Terá sido Marseille evangelizada por uma mulher?”; 7) Estive em Aubagne, vendo “Le Petit Monde de Marcel Pagnol”; 8) No Museu Cantini, vi uma exposição de Edward Hopper, uma das maiores figuras da pintura americana do século XX; 9) Numa livraria da Canebière, encontrei “Liens de famille”, da nossa Clarice Lispector, livro de contos de 1960; 10) Ainda sobre a autora de “Perto do coração selvagem”, encontro “L’heure de Clarice Lispector”,  de Hélène Cixous; 11) A caminho de Toulon, visitei La Ciotat, cognominada de “Berceau du Cinéma” pois foi ali que Louis Lumière realizou seus primeiros filmes: “L’arroseur arrosé” e “L’arrivée d’um train en gare”. E, na foto acima, o professor Munhoz está em Marseille, na tarde de 02 de julho de 1989, ao lado de um vendedor ambulante, com um chapéu enfeitado de flores, lembrando-lhe a música de Alípio Martins e Marcelle “Lá vai ele”, que tocava muito num programa de seu aluno e amigo Hermínio Gurgel.

NA PEQUENA IGREJA DO CARPINTEIRO


Na Terra Santa, o professor Munhoz nunca deixou de visitar a Igreja da Natividade, em Belém, e por último o Santo Sepulcro, no fim da Via Dolorosa, em Jerusalém. Mas outro local de sua predileção, em Nazaré, é a Basílica da Anunciação e, ao lado a pequena e acolhedora Igreja de São José, reconstruída e 1914 e que a tradição aponta como local da casa e da oficina de um humilde descendente do rei Davi, e que o Novo Testamento afirma ter sido o esposo castíssimo de Maria e o pai adotivo de Jesus Cristo. Sua festa litúrgica é celebrada em 19 de março e em 1º de maio é lembrado como “Padroeiro dos Trabalhadores”. Os Evangelhos falam pouco de São José, mas dizem o essencial, como São Mateus, na genealogia de Jesus, quando afirma: “Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus chamado Cristo”, e assim como Jesus foi miraculosamente gerado, pois segundo São Lucas, ao ser anunciado a Maria que seria a mãe do Cristo, ela argumentou: “Como é que vai ser isso, se eu não conheço homem algum?”. Na fuga para o Egito, tanto quanto para o retorno, um anjo se manifestou em sonho a José, ele o pai legal do Menino. Segundo Gonzalo Aranda, do Departamento das Sagradas Escrituras da Faculdade de Teologia da Universidade de Navarra, “o mais lógico é pensar em São José como um homem jovem quando desposou Maria e que só foi casado com ela”. Acima, o professor Munhoz em Nazaré, na baixa Galileia, na manhã de 23 de outubro de 2010, em foto de Tito Dominguez Nuñez.




ALGUNS DOS MAIORES MUSEUS DO MUNDO




    Sábado, 17 de maio, no programa “Debate Positivo”, de César Bernardo, na Rádio 102. FM, o professor Munhoz lembrou a XII Semana Nacional de Museus, contando que o primeiro que visitou ainda criança, em Belém do Pará, levado por seu pai, foi o Museu Goeldi. O segundo, em São Paulo, foi o Masp, o que de melhor nos legou Assis Chateaubriand, dono dos Diários e Emissoras Associados. Em junho de 1967, o primeiro internacional foi em Washington, a National Gallery, onde viu também pela primeira vez um quadro de Leonardo da Vinci, o “Retrato de Ginevra de’Benci”. Desceu a por menores sobre os considerados quatro maiores do mundo: o Louvre, em Paris, com a “Vênus de Milo”, a “Vitória de Samotrácia” e a “Mona Lisa”. Do Museu do Prado, em Madri, lembrou Goya, El Greco, Zurbarán e Murilo, além das “Meninas”, de Velázquez. Do Metropolitan, de Nova York, disse que é um mundo e outro mundo é o Hermitage, em São Pertersburgo, na Rússia, com 2.938.638 peças, incluindo a “Virgem Benois” e a “Virgem Litta”, ambas de Leonardo da Vinci. Citou obras-primas do Museu do Vaticano; e do Museu Britânico, em Londres, descreveu a Pedra de Roseta, descoberta por soldados de Napoleão, em 1799, com suas três línguas: o grego, o demótico e os hieróglifos, de caráter sacerdotal. Citou algumas obras-primas do Museu degli Uffizi, em Florença, e da Galleria Pitti não esqueceu do Jardim de Boboli, com o famoso Baco, que se vê acima. Do Rijksmuseum, de Amsterdã, citou o quadro mais importante: “A Ronda Noturna”, de Rembrandt; e do Rainha Sofia, em Madri, a obra mais famosa, a “Guernica”, de Picasso. Foram alguns dos mais de 300 que ele conhece no mundo inteiro.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

SETE ANOS DA MORTE DO PADRE FULVIO

    Numa carta escrita no dia 09 de junho de 2007, aqui em Macapá, e mandada para seu amigo Tito Dominguez Nuñez, em Belém, o professor Munhoz dizia: “Acabo de perder um grande amigo, num hospital de Gênova, na Itália. Sim, morreu o padre Fulvio Giuliano, que eu conheci, quando aqui chegou, no dia de São Pedro, em junho de 1962. Na travessia para o Brasil, que durou 16 dias, pintou diversas telas em pleno Oceano. E lembro do convite que fiz para que participasse do I Salão de Artes Plásticas do Amapá, levando-o também ao I Salão de Artes Plásticas da Universidade do Pará, recebendo “Menção Honrosa” com a tela “Arraial de Nazaré em Macapá”, hoje desaparecida. Participou do II Salão, em 1966. No III, em 1967, apresentou três obras: “Escada de Jacó”, “Lava-pés” e “Passagem do Mar Vermelho”. No I Salão do Colégio Amapaense chamaram a atenção os 14 quadros da Via-Sacra, tendo sido o ponto alto da mostra. O ápice, todavia, foi a retrospectiva que realizei de tudo que ele até então havia feito, sobressaindo-se o “São João Crisóstomo” e o “Santo Antônio, Doutor da Igreja, de 09 de dezembro de 1983, presente dos alunos do Seminário São Pio X, onde fui professor de latim”. Na sua última vinda a Macapá, o padre Fulvio trouxe de presente para o seu amigo o belo ícone “Redemptoris Mater”, que é hoje uma das preciosidades do seu acervo. E acima vemos o professor Munhoz, na tarde de 25 de março de 2007, na biblioteca de sua casa, com o ícone que o padre Fulvio pintou em Monza, na Itália, em foto de Ângelo Carvalho Costa.