Munhoz e Lindanor Celina |
Lindanor
Celina, a romancista paraense de “Menina de vem de Itaiara” e a cronista de
“Diário da Ilha” do qual disse Ápio Campos que “não é um livro de crônicas, é
um livro de segredos”, Lindanor foi por quase cinquenta anos amiga do Professor
Munhoz, desde quando ele e “Lurdinha Soares iam ouvir em casa, na Henrique
Gurjão, ao saírem ambos da Faculdade, de manhã”, o Giacomo Rondinella, como bem
lembra no “Verão/87”, em Skyros, na Grécia, onde Lindanor passava sua férias,
depois que se mudou para Clamart, na França. Mesmo antes de morar na terra de
Sartre e Simone de Beauvoir, seus amigos, Lindanor e Munhoz mantiveram uma
extensa correspondência, que começou quando seu amigo veio para Macapá, em Outubro
de 1959. E dessa correspondência, encontramos trinta cartas, numa pasta, das
quais lembramos alguns trechos, como uma de Paris, com a data de 02 de abril de
1979: “Munhoz, que bela carta! E que alegria me deu”. E conta: “Ontem me deram
de presente 02 macacujás. Lindo! Mas eu queria mel de cana com farinha... E
você, em forma? Tomando seu litro de açaí depois do almoço? Ah, sortudo!”. Numa
outra carta também de Paris, de 05 de Junho de 1984, ela diz: “Quanta coisa
bonita na tua carta de 29 de abril! Que bom que dás nossa literatura! E nossa
arte! Para isso nasceste; és um sábio, um estudioso – e deves partilhar com os
outros o tesouro que tens”. E continua: “Sim, numa das crônicas da nova série
falo em tua carta e na morte do Haroldo”. Numa outra carta de Clamart, de 11 de
Janeiro de 1982, Lindanor agradecia: “Merci da carta sábia e vivíssima”. E
complementava: “Toda uma vida construída no estudo e no ensino! Deve ser tão
bom ser teu aluno! Quanta riqueza, tu que tão bem sabes ver e assimilar, beber
a beleza do mundo!” E acima, Munhoz com Lindanor, em Belém, numa tarde na
Academia Paraense de Letras.